O risco de sermos amigos
"Disse, pois,
Tomé, chamado Dídimo, aos condiscípulos: Vamos nós também, para morrermos com
ele." (JO 11:16)
"Jesus
chorou" (JO 11:35)
O Capítulo 11 de João retrata uma
história envolvente de amizade.
Jesus tinha diversos tipos de
relacionamento no seu trabalho:
1 -
com os fariseus havia como que uma constante tensão
de provas e testes quanto à lei.
2 - os saduceus tinham uma dificuldade completa de
entenderem verdades espirituais fundamentais como a ressurreição.
3 - Com discípulos havia a aplicação constante de usar
cada momento de sua vida para ser modelo em algo.
Mas havia um grupo de pessoas que
era, de certa forma, especial.
Era a casa de Lázaro.
Isso pode ser demonstrado no
anúncio que lhe fizeram quando Lázaro adoeceu: versículo 3 – “aquele que
amas adoeceu”
Jesus havia libertado a Maria, e,
por causa disso, recebia dessa família uma gratidão muito grande. O que parece
é que naquela casa Jesus ia para descansar, para repousar.
Não era um lugar de trabalho, mas
de refúgio, de ajuda e apoio.
Os amigos oferecem isso.
Quando ele vai ao Getsêmani orar
sente falta de pessoas que o apóiem e clama por isso:
(MT 26:38) "Então lhes disse:
A minha alma está cheia de tristeza até a morte; ficai aqui, e velai
comigo."
Era um momento no qual Jesus estava
exposto a toda sua humanidade e precisava que alguém estivesse junto.
A casa de Lázaro podia oferecer
isso, pois não era um lugar de trabalho. Jesus poderia ter chamado Lázaro para
ser um dos apóstolos, no entanto parece que ele reserva a vida de seu amigo como algo íntimo onde ele
pudesse repousar.
Chega um dia que vem a notícia
triste: – “aquele que amas adoeceu”
Qualquer pessoa está sujeita a
receber esse tipo de notícia e pode reagir de diversas formas. Jesus age de
maneira estranha para situação:
(JO 11:6) "Ouvindo,
pois, que estava enfermo, ficou ainda dois dias no lugar onde estava."
Se estamos falando de amizade, não
seria natural que ele partisse logo para a casa de Lázaro?
Mas Jesus deixa que seu amigo
morra, (e ouve como que uma reprimenda da parte de sua amiga Marta) para deixar
que as pessoas vissem que a amizade era capaz de levantar a Lázaro até do
túmulo.
(JO 11:42) "Eu bem sei que
sempre me ouves, mas eu disse isto por causa da multidão que está em redor,
para que creiam que tu me enviaste."
(PV 3:32) "Porque o perverso
é abominável ao SENHOR, mas com os sinceros ele tem intimidade."
(SL 25:14) "A intimidade do
SENHOR é com aqueles que o temem; e ele lhes mostrará a sua aliança."
Jesus escuta a Marta e vê o
ambiente de tristeza. Isso faz com que seu coração se perturbe, pois vê que
seus amigos sofriam. (versículo 33).
Jesus então pede para ver o lugar
onde puseram seu amigo e, ao ver, ele chora.
Mais uma vez a amizade moveu seu
coração:
(JO 11:38) "Jesus, pois,
movendo-se outra vez muito em si mesmo, veio ao sepulcro; e era uma caverna, e
tinha uma pedra posta sobre ela."
Ele ora ao Pai e é atendido no
desejo de seu coração, pois também, e principalmente, com o Pai ele tinha
amizade e era nessa base que era ouvido.
Essa experiência de doença,
fraqueza, luta e morte de amigos é algo que toma um pouco de nossas vidas cada vez que isso acontece.
Jesus chorou pois era de sua
natureza chorar com o que choravam.
Ele tinha um coração amigo, um
coração de amizade.
Tomé estava começando a ter o
mesmo coração: “Vamos nós também, para morrermos com ele."
Não é interessante que o homem a
quem chamamos de incrédulo foi aquele que convidou os outros a ir com Jesus
para Betânia passando por Jerusalém, onde havia pouco tentaram prende-lo?
“Vamos nós também, para morrermos
com ele."
A igreja é o lugar onde pessoas se
oferecem para morrer conosco as nossas mortes.
É o lugar onde não se sofre
sozinho. Deus proveu um ambiente de repouso para os nossos corações e esse
ambiente é a amizade que deve haver entre os que servem a Deus em gratidão como
Marta e Maria serviam a Jesus.
Como precisamos de amigos que vele
conosco nos nossos momentos de Getsêmani e que digam: “Vamos nós também,
para morrermos com ele."
Os obreiros na igreja não são
colegas de profissão são amigos que riem, sofrem, choram e morrem juntos.
Paulo conhecia isso no seu
relacionamento com Tito, Timóteo.
(2CO 2:12,12) "Ora, quando
cheguei a Trôade para pregar o evangelho de Cristo, e abrindo-se-me uma porta
no SENHOR, não tive descanso no meu
espírito, porque não achei ali meu irmão Tito; mas, despedindo-me deles, parti
para a Macedônia."
(2CO 7:6) "Mas Deus, que
consola os abatidos, nos consolou com a vinda de Tito."
(2CO 8:16) "Mas,
graças a Deus, que pôs a mesma solicitude por vós no coração de Tito;"
(TT 1:4) "A Tito, meu
verdadeiro filho, segundo a fé comum: Graça, misericórdia, e paz da parte de
Deus Pai, e da do Senhor Jesus Cristo, nosso Salvador."
(FM 1:1) "PAULO, prisioneiro
de Jesus Cristo, e o irmão Timóteo, ao amado Filemom, nosso cooperador,"
Havia
isso normalmente na igreja:
(FP 2:25 - 27) "Julguei,
contudo, necessário mandar-vos Epafrodito, meu irmão e cooperador, e
companheiro nos combates, e vosso enviado para prover às minhas
necessidades. Porquanto tinha muitas saudades de vós todos, e estava muito
angustiado de que tivésseis ouvido que ele estivera doente. E de fato esteve
doente, e quase à morte; mas Deus se apiedou dele, e não somente dele, mas
também de mim, para que eu não tivesse tristeza sobre tristeza."
Precisamos de amigos. Precisamos
ser amigos. Os amigos precisam de nós.
Precisamos aprender a falar diante
das lutas de nossos irmãos: “Vamos nós também, para morrermos com ele."
Notemos que Tomé se relacionava
com Jesus e havia sido chamado para ser discípulo de Jesus, não se melindrou
quando alguém trouxe a notícia de que aquele que tu amas está
doente, mas fez o convite aos outros.
Não podemos confundir, em hipótese
nenhuma, a vontade de Deus para os relacionamentos dentro da igreja.
Existem também em nosso ministério diversos tipos de
relacionamentos, mas o que nos sustenta realmente é aquele relacionamento de
irmãos que ao ouvirem que o nosso Lázaro está doente, que estamos pesados com
alguma situação, dizem:
“Vamos nós também, para morrermos
com ele."